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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

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"O crescimento da população faminta é intolerável. Temos os meios econômicos e técnicos para fazer desaparecer a fome. O que falta é uma vontade política mais forte para erradicar-la"

Jacques Diouf – Diretor da FAO. -

ALIMENTAÇÃO: Crise econômica mundial, um golpe no estômago

Por Eli Clifton

Crédito: Julio Angulo/IPS

WASHINGTON, 16 oct (IPS) - A crise econômica global agravou a fome e a desnutrição nos países mais pobres, com dramáticas conseqüências para a seguridade internacional e a estabilidade política, segundo os informes conhecidos esta sexta feira, Dia Mundial da Alimentação.

Mais de 1.000 milhões de pessoas sofrem fome crônica em todo o mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

A cifra inclui a 643 milhões de pessoas em Ásia do Pacífico, 265 milhões em América Latina e o Caribe, 42 milhões em Meio Oriente e África septentrional mais 15 milhões em países industrializados.

"A conclusão mais comovedora do informe é que mais de 1.000 milhões de pessoas sofrem fome", diz a IPS a porta-voz do PMA Bettina Luescher.

"Isto é incrível e nos tomou de improviso."

A tendência à alça da desnutrição leva um decênio, e se mantém constante tanto no período de baixos preços e prosperidade econômica, a princípios da presente década, como na atual fase de encarecimento e caída do produto bruto, segundo o estudo das agencias da Organização das Nações Unidas (ONU).

Todo isto deixa em evidencia problemas no "sistema mundial de governança da seguridade alimentaria", agrega.

"Os líderes mundiais reagiram à crise financeira e econômica mobilizando exitosamente milhares de milhões de dólares num curto período. Agora se requerem ações igualmente fortes para combater a fome e a pobreza", diz o diretor geral da FAO, Jacques Diouf.

"O crescimento da população faminta é intolerável. Temos os meios econômicos e técnicos para fazer desaparecer a fome. O que falta é uma vontade política mais forte para erradicar-la", agregou.

Diouf chamou a "investir na agricultura dos países em desenvolvimento", a qual resulta "essencial não só para derrotar a fome e a pobreza senão também para assegurar o crescimento econômico, a paz e a estabilidade do mundo".

A FAO destacou que a situação que atualmente afrontam os países mais pobres do mundo se deteriorou ainda mais pela crise econômica.

Populações já vulneráveis á inseguridade alimentaria sofrem cada vez mais dificuldades, dado o encarecimento da comida e a caída das remessas dos emigrantes, do emprego e dos salários.

"Aqueles que têm menos responsabilidade na crise financeira são os mais afetados. Primeiro são golpeados pelos altos preços dos alimentos e logo pela crise", diz Luescher.

Nas últimas duas décadas, se afiançou a integração dos países em desenvolvimento à economia global, o qual aumentou sua vulnerabilidade aos vaivens financeiros.

"As 17 maiores economias latino-americanas, por exemplo, receberam 184.000 milhões de dólares em fluxos financeiros em 2007, cifra que se reduzo a 89.000 milhões em 2008 e que se prevê que volte a cair à metade, a 43.000 milhões, ao cabo de 2009", indica o estudo do PMA.

"Isto implica uma redução do consumo, e para alguns países de baixo ingresso e déficit alimentaria isso significa reduzir as muito necessárias importações de comida, equipamento sanitário e medicamentos", agrega.

Outro informe conhecido esta sexta feira, elaborado pelo não governamental Instituto para a Investigação de Políticas Alimentarias Internacionais (IFPRI, por suas siglas em inglês), constata tendências similares às do estudo da FAO e o PMA, e detalha a situação de regiões e países em seu habitual Índice Global da Fome (IGH).

O relatório destaca o lento avance na tarefa para reduzir a fome, evidente na caída do IGH em apenas um quarto desde 1990, e adverte que a situação em 33 países é "extremamente alarmante".

O IFPRI também detectou avances importante no sudeste asiático, Meio Oriente, África septentrional e América Latina. A incidência da fome segue sendo elevada, em cambio, em Ásia meridional e África subsaariana.

Os países onde se registraram as melhoras mais destacáveis foram Kuwait, Tunísia, Fiji, Malásia e Turquia, e as piores situações em Angola, Etiópia, Gana, Nicarágua e Vietnam.

No lado oposto do espectro se encontram Burundi, Chad, República Democrática do Congo, Eritréia, Etiópia e Serra Leona.

A maioria dos países com IGH mais elevado sofreram guerras ou conflitos violentos que agravaram a pobreza e a inseguridade alimentaria, segundo o IFPRI.

Este informe coincide com da ONU ao sinalar o vínculo entre a crise financeira e a instabilidade alimentaria como um problema complexo.

O IFPRI também enfatizou em que combater a fome mundial é um passo crucial no caminho rumo à equidade de gênero.

A preocupação pela seguridade alimentaria é compartida não só pela ONU e as organizações não governamentais especializadas, senão também por instituições caritativas como a Fundação Bill e Melinda Gates, que investem milhares de milhões de dólares em projetos de saúde pública e desenvolvimento em alguns dos países mais pobres.

"Melinda e eu acreditamos que ajudar aos pequenos agricultores mais pobres para que produzam melhores coletas e logrem aceder aos mercados é a ferramenta mais poderosa para reduzir a fome e a pobreza", diz Bill Gates ao anunciar um projeto de 120 milhões de dólares com esse objetivo.

"A próxima Revolução Verde deve ser mais verde que a anterior", agregou o empresário. "Deve ser guiada pelos pequenos agricultores e adaptada às circunstancias locais, assim como ser ambiental e economicamente sustentável." (FIN/2009)

ALIMENTACIÓN: Crisis económica mundial, un golpe en el estómago

Por Eli Clifton

Crédito: Julio Angulo/IPS

WASHINGTON, 16 oct (IPS) - La crisis económica global agravó el hambre y la desnutrición en los países más pobres, con dramáticas consecuencias para la seguridad internacional y la estabilidad política, según dos informes conocidos este viernes, Día Mundial de la Alimentación.

Más de 1.000 millones de personas sufren hambre crónica en todo el mundo, según la Organización de las Naciones Unidas para la Alimentación y la Agricultura (FAO) y el Programa Mundial de Alimentos (PMA).

La cifra incluye a 643 millones de personas en Asia del Pacífico, 265 millones en América Latina y el Caribe, 42 millones en Medio Oriente y África septentrional y 15 millones en países industrializados.

"La conclusión más conmovedora del informe es que más de 1.000 millones de personas sufren hambre", dijo a IPS la portavoz del PMA Bettina Luescher. "Esto es increíble y nos tomó de improviso."

La tendencia al alza de la desnutrición lleva un decenio, y se mantuvo constante tanto en el periodo de bajos precios y prosperidad económica, a principios de la presente década, como en la actual fase de encarecimiento y caída del producto bruto, según el estudio de las agencias de la Organización de las Naciones Unidas (ONU).

Todo esto deja en evidencia problemas en "el sistema mundial de gobernanza de seguridad alimentaria", agrega.

"Los líderes mundiales reaccionaron a la crisis financiera y económica movilizando exitosamente miles de millones de dólares en un corto periodo. Ahora se requieren acciones igual de fuertes para combatir el hambre y la pobreza", dijo el director general de la FAO, Jacques Diouf.

"El crecimiento de la población hambrienta es intolerable. Tenemos los medios económicos y técnicos para hacer desaparecer el hambre. Lo que falta es una voluntad política más fuerte para erradicarla", agregó.

Diouf llamó a "invertir en la agricultura de los países en desarrollo", la cual resulta "esencial no sólo para derrotar al hambre y la pobreza sino también para asegurar el crecimiento económico, la paz y la estabilidad del mundo".

La FAO destacó que la situación que actualmente afrontan los países más pobres del mundo se deterioró aun más por la crisis económica.

Poblaciones ya vulnerables a la inseguridad alimentaria sufren cada vez más dificultades, dado el encarecimiento de la comida y la caída de las remesas de los emigrantes, del empleo y de los salarios.

"Aquellos que tienen menos responsabilidad en la crisis financiera son los más afectados. Primero son golpeados por los altos precios de los alimentos y luego por la crisis", dijo Luescher.

En las últimas dos décadas, se afianzó la integración de los países en desarrollo a la economía global, lo cual aumentó su vulnerabilidad a los vaivenes financieros.

"Las 17 mayores economías latinoamericanas, por ejemplo, recibieron 184.000 millones de dólares en flujos financieros en 2007, cifra que se redujo a 89.000 millones en 2008 y que se prevé que vuelva a caer a la mitad, a 43.000 millones, al cabo de 2009", indica el estudio del PMA.

"Esto implica una reducción del consumo, y para algunos países de bajo ingreso y déficit alimentario eso significa reducir las muy necesarias importaciones de comida, equipamiento sanitario y medicamentos", agrega.

Otro informe conocido este viernes, elaborado por el no gubernamental Instituto para la Investigación de Políticas Alimentarias Internacionales (IFPRI, por sus siglas en inglés), constata tendencias similares a las del estudio de la FAO y el PMA, y detalla la situación de regiones y países en su habitual Índice Global del Hambre (IGH).

El reporte destaca el lento avance en la tarea para reducir el hambre, evidente en la caída del IGH en apenas un cuarto desde 1990, y advierte que la situación en 33 países es "extremadamente alarmante".

El IFPRI también detectó avances importantes en el sudeste asiático, Medio Oriente, África septentrional y América Latina. La incidencia del hambre sigue siendo elevada, en cambio, en Asia meridional y África subsahariana.

Los países donde se registraron las mejoras más destacables fueron Kuwait, Túnez, Fiji, Malasia y Turquía, y las peores situaciones en Angola, Etiopía, Ghana, Nicaragua y Vietnam.

En el lado opuesto del espectro se ubican Burundi, Chad, República Democrática del Congo, Eritrea, Etiopía y Sierra Leona. La mayoría de los países con IGH más elevado sufrieron guerras o conflictos violentos que agravaron la pobreza y la inseguridad alimentaria, según el IFPRI.

Este informe coincide con el de la ONU al señalar el vínculo entre la crisis financiera y la inestabilidad alimentaria como un problema complejo.

El IFPRI también enfatizó en que combatir el hambre mundial es un paso crucial en el camino hacia la equidad de género.

La preocupación por la seguridad alimentaria es compartida no sólo por la ONU y las organizaciones no gubernamentales especializadas, sino también por instituciones caritativas como la Fundación Bill y Melinda Gates, que invierten miles de millones de dólares en proyectos de salud pública y desarrollo en algunos de los países más pobres.

"Melinda y yo creemos que ayudar a los pequeños agricultores más pobres para que produzcan mejores cosechas y logren acceder a los mercados es la herramienta más poderosa para reducir el hambre y la pobreza", dijo Bill Gates al anunciar un proyecto de 120 millones de dólares con ese objetivo.

"La próxima Revolución Verde debe ser más verde que la anterior", agregó el empresario. "Debe ser guiada por los pequeños agricultores y adaptada a las circunstancias locales, así como ser ambiental y económicamente sustentable." (FIN/2009)

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