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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

QUALIDADE, TRADUÇÃO E REVISÃO











DICAS

Qualquer atividade que realizemos nos converte em produtores dum bem ou serviço.
A qualidade não significa nada se não tem relação com alguma atividade.
A qualidade é uma ferramenta básica para uma propriedade inerente de qualquer coisa que permite que esta seja comparada com qualquer outra da mesma espécie.
A palavra qualidade tem múltiplos significados.
De forma básica, se refere ao conjunto de propriedades inerentes a um objeto que lhe conferem capacidade para satisfazer necessidades implícitas ou explícitas.
Por outro lado, a qualidade dum produto ou serviço é a percepção que o cliente tem do mesmo, é uma fixação mental do consumidor que assume conformidade com dito produto ou serviço e a capacidade do mesmo para satisfazer suas necessidades.
Por tanto, deve se definir no contexto que se esteja considerando, por exemplo, a qualidade do correio, do serviço do INSS, do produto, de vida, etc.
Dito isto, agora vamos ao nosso negocio

CONCEITO MODERNO DA QUALIDADE
Qualidade é o grau em que um produto satisfaz as expectativas do consumidor.
A qualidade não custa, o que custa é fazer as coisas sem qualidade.
A qualidade se constrói, é normalmente o resultado dum processo que desenvolvemos e não a da verificação final do produto.
As pessoas estão condicionadas a pensar que o erro é inevitável; por tanto, não só o aceitam senão que o estão aguardando.
Não nos molesta cometer uns quantos erros em nosso trabalho; é de humanos errarem... Todos têm os próprios padrões em sua vida profissional e acadêmica, nossos próprios pontos nos quais os erros começam a nos incomodar. Não mantemos os mesmos padrões em nossa vida pessoal.
De fazê-lo, deveríamos aceitar que nos enganem de vez em quando ao cobrar nosso salário, deveríamos esperar que as enfermeiras das maternidades deixassem cair uma porcentagem de recém nascidos…, que os médicos receitem os medicamentos errados...
Nós como indivíduos não toleramos essas coisas.
Trabalhamos com um padrão dual, um para nós e outro para nosso trabalho.
A maior parte do erro humano é causada pela falta de atenção e não pela falta de conhecimentos; se cria a falta de atenção quando acreditamos que o erro é inevitável.
Se pensarmos nisto com cuidado, e nos comprometermos com nós mesmos a fazer um esforço consciente e constante por fazer nosso trabalho corretamente desde a primeira vez, haverá dado um passo gigantesco na eliminação do erro.
A qualidade por tanto não custa, o que custa é fazer as coisas sem qualidade.

QUALIDADE EM TRADUÇÃO (*)
Na década de 70 se intensifica a tendência da busca da qualidade da tradução e dos sistemas para sua ponderação como conseqüência de 3 fatores fundamentais: 1) o volume da tradução não literária experimenta um crescimento vertiginoso, 2) o desenvolvimento da tradução como ciência e 3) o desenvolvimento dos meios de comunicação (origem do incremento dos intercâmbios) que resultam numa maior relevância da tradução.
Hoje em dia, quase todas as teorias da tradução tem seu ponto de mira na definição da qualidade, à que se acrescenta um novo fator <> (Investigar a eficácia da comunicação) (Hordelin y Brunette 1998:12).
Daí que a necessidade de revisar os princípios gerais e parâmetros tenha sua origem, por uma parte, nestes novos objetivos: a busca da qualidade e a eficácia da comunicação e, por outra, no fato de que a maioria das traduções costuma ser de textos especializados ou pragmáticos, que se caracterizam por seu objetivo utilitário.
Para determinar os critérios nos que se baseia uma boa tradução partiremos, por tanto, da relatividade do conceito da qualidade na tradução e do fato de que a tradução constitui um ato de comunicação.
Além disso, é evidente que existe uma vinculação direta entre a correção e a revisão de traduções, já que para traduzir é imprescindível saber redigir.
Daí que, em determinados aspetos e salvando as diferenças, a tradução e a redação se regem por critérios comuns, pois o objetivo comum é a comunicação, é dizer a transmissão eficaz duma mensagem.
Tradicionalmente a comunicação escrita se tem identificado com a escritura literária porque não se considerava o fator comunicativo. Por esse motivo, o único aspecto que abordavam os manuais de redação era o lingüístico, limitando-se ao tratamento da ortografia, a gramática e o estilo. Embora, o conceito de redação profissional troca todas as teorias da comunicação, ao destacar estas a importância da “legibilidade” e a importância dos textos.
Como resultado desta evolução se começam a utilizar e ponderar novos critérios como a compreensão, memorização e percepção da mensagem pelo destinatário, que refletem a importância que se outorga à comunicação. Como tão acertadamente afirmam Horguelin e Brunette (1998: 13) <> (temos passado de saber escrever a saber comunicar).
Se a correção já não pode se limitar à verificação da qualidade lingüística do texto, também não deve se fazer na revisão das traduções pois, em ambos casos haverá de se considerar se o texto em questão é apto ou não para a consecução duma comunicação eficaz.

A NORMA E O USO DA LÍNGUA COMO CRITÉRIO DA QUALIDADE
A norma e uso da língua são conceitos chave na revisão.
A função do revisor é sumamente delicada nesse sentido, posto que deve evitar confundir a norma com sua norma ou da do revisado/a, em suma, evitar enfrentamentos pelo uso de idioletos (*).
(*) Um idioleto (AOS 1945: idioleto) é uma variação de uma língua única a um indivíduo. São manifestadas por padrões de escolha de palavras e gramática, ou palavras, frases ou metáforas que são únicas desse indivíduo. Cada indivíduo tem um idioleto; o arranjo de palavras e frases é único, não significando que o indivíduo utiliza palavras específicas que ninguém mais usa. Um idioleto pode evoluir facilmente para um ecoleto - uma variação de dialeto específica a uma família de indivíduos.
Por uma parte o revisor deve se erigir em guardiã da língua. Por outra se lhe exige que responda às expectativas dos usuários e do iniciador da tradução, os quais em inúmeras oportunidades não compartilham conceitos comuns sobre o “uso correto da língua”.
Esta noção volta a situar-nos fronte a duas tendências opostas: a dos teóricos e gramáticos, os quais regulam mediante normas o uso da língua, e a de aqueles para os quais o único critério valido é o uso da língua que fazem os falantes.
Para não abundar no dilema norma/uso recorreremos à noção de “níveis de língua”.
Não se trata de procurar critérios absolutos de qualidade no uso da língua senão de assumir que pode haver tantas normas como níveis sociolingüísticos e situações comunicativas existam.

A BUSCA DUM MÉTODO OBJETIVO PARA DETERMINAR A QUALIDADE DA TRADUÇÃO
Os primeiros intentos para achar um método objetivo para determinar a qualidade do texto de chegada aparecem com as teorias da tradução. Neste sentido, o aporte de Darbelnet foi sumamente relevante para o planteio das bases teóricas da revisão, embora não abordou de forma direta o tema central de nosso estudo.
Darbelnet propos cinco critérios para garantir uma boa tradução
1: a transmissão exata da mensagem do TO (texto de origem)
2: a consideração das normas gramaticais vigentes
3: a elaboração duma tradução idiomática
4: a conservação do mesmo tono do TO (equivalência estilística)
5: a plena inteligibilidade do TL para o leitor da CL (adaptação cultural)
Embora, os parâmetros expostos por este autor não satisfizeram às expectativas de aqueles que pretendiam racionalizar a revisão e dispor de critérios quantificáveis que garantiram a objetividade ao determinar a qualidade do TL. Agora bem, temos de observar que em quanto tratamos de medir ou quantificar a qualidade da tradução abandonamos o âmbito da revisão para entrar no da avaliação.
Considerando que estas duas práticas apresentam características comuns, como a busca da qualidade e a dos elementos necessários para poder apreciá-la, a seguir faremos um breve repasso das modalidades de avaliação e de sua evolução.
Por outro lado, dado que existe um estreito vínculo entre redação e tradução, consideramos oportuno mencionar os esforços feitos para sistematizar a avaliação de textos originais e ponderar sua eficácia comunicativa, dado que esta última está centrada no destinatário do texto, se trate dum TO ou dum TL.

A BUSCA DA OBJETIVIDADE
Desde a antiguidade, são muitos os tradutores e estudiosos da tradução que tentaram definir em que consiste uma boa tradução. (Cf. Tytler: 1994 e Veja: 1994).
Embora, os primeiros intentos que contaram com certo consenso, nesse sentido, se produzem a partir do momento em que se institucionaliza a tradução.
Esta institucionalização, devida ao incremento das relações internacionais no âmbito institucional, tecnológico e empresarial, entre outros fatores, se refletiu numa crescente demanda de traduções especializadas. Daí que, como conseqüência do aumento de volume das traduções, surgira à necessidade de contar com métodos mais explícitos para avaliá-las e determinar sua qualidade.
Independentemente do termo que utilizemos para nos referir a estes métodos, cuja principal finalidade é emitir um juízo de valor e ponderar a qualidade da tradução, todos se caracterizam por certa subjetividade.
De acordo com Maier (2000: 137) isto não significa que a conceição de procedimentos avaliativos mais apropriados implique o desenvolvimento de novas técnicas quantitativas, senão explorar as atitudes, expectativas e definições individuais de qualidade e valor sobre as que se baseiam os critérios.
Para ilustrar a evolução dos critérios em tradução, mencionaremos brevemente o contexto em que aparecem duas obras representativas sobre o tema da qualidade. A primeira são as atas do terceiro congresso da Federação Internacional de Tradutores (FIT) celebrado em 1959 (Quality in Translation) e publicadas em 1963 por Cary y Jumpelt. A segunda é Translations and Quality editada por Christina Schaffner e publicada em 1998.
Um dos primeiros enfoques coletivos em torno ao tema da qualidade em tradução se produz em 1959, com motivo do terceiro congresso da FIT sobre Qualidade em Tradução. Numa consulta realizada antes da celebração do congresso, uma das perguntas formuladas aos participantes no mesmo foi: que entendiam por qualidade em tradução literária ( Cary e Jumpelt. 1963: 49). As respostas foram das mais diversas, dado que havia mais de cem congressistas. Como já comentou House ( 1997: 1-2), nas referidas respostas, se relacionava a qualidade com aspetos como a personalidade do autor, o tradutor ou a audiência. Também se afirmou que uma boa tradução é aquela que ao ler não o parece.
Por outra parte, se bem se perguntava só pela qualidade com relação à tradução literária, o questionário sugeria que a percepção era diferente quando se tratava de outro tipo de tradução, tal e como indica Maier (2000: 139).
De fato, segundo se desprende das numerosas propostas sobre tradução técnica e cientifica, assim como dos comentários dos assistentes, o conceito de qualidade neste âmbito estava mais matizado e era menos subjetivo que o mostrado pelas respostas ao questionário. É mais, as observações deste segundo grupo de tradutores aludiam à qualidade em numerosos aspetos (formação do tradutor, melhora das condições de trabalho dos profissionais, terminologia, etc.), cuja importância foi em aumento desde então.

CONCLUSÃO E APLICAÇÃO À REVISÃO
Se pode considerar que o precursor da busca de critérios ponderáveis para avaliar a qualidade da busca de critérios ponderáveis para avaliar a qualidade da tradução foi Jean Darbelnet ao enunciar nos anos setenta os princípios gerais para a qualidade da tradução.
As propostas para avaliar a qualidade da tradução mediante a fragmentação do texto em segmentos (unidades de tradução, unidades de sentido, unidades de análise) não lograram se impuser na revisão devido a: 1) a dificuldade prática que acarreta sua aplicação e 2) que a unidade de tradução é o texto completo como ato de comunicação.
Quando o texto se considera como unidade de tradução, surgem determinadas propostas de métodos globais de avaliação baseadas em tipologias textuais. As classificações dos textos em categorias não proporcionaram à revisão de traduções instrumentos objetiva para medir a qualidade do TL, mas pôs em relevo a importância de sua finalidade como texto independente.
Os trabalhos realizados no marco da teoria da comunicação, em especial os relacionados com a eficácia da comunicação, proporcionam um novo elemento de avaliação: a legibilidade. Este critério, agregado aos critérios lingüísticos tradicionais enriquece e amplia a função do revisor, como destinatário virtual ou fictício no processo da comunicação.
Finalmente, na busca de critérios objetivos para avaliar a qualidade da tradução, de acordo com Horguelin e Brunette (1998: 30), parece que estamos assistindo a uma inversão da balança. Num princípio a revisão de traduções foi baseada em parâmetros gerais e de caráter teórico. A continuação se tentou sistematizar a revisão mediante um sistema ponderável: a planilha de avaliação baseada na aplicação destes mesmos critérios. Na atualidade se aceita a idéia de utilizar critérios não quantificáveis numericamente (o qual não implica que se trate de critérios subjetivos) baseados na primazia do destinatário e na função ou finalidade da tradução.

(*): O presente artigo se baseia na tese doutoral de Silvia Parra Galiano –
Universidad de Granada – Facultad de Traducción e Interpretación. “ La revisión de traducciones en la traductología” “ Aproximación a la práctica de la revisión en el ámbito profesional, mediante el estudio de casos y propuestas de investigación”



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