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domingo, 15 de julho de 2012

TRADUÇÃO TÉCNICA










DIFICULDADES DA TRADUÇÃO TÉCNICA PT_ES. (I)

As traduções técnicas constituem atualmente uma das especialidades mais demandadas no mercado da tradução. Abarcam textos tais como folhetos, vade-mécuns, patentes, documentação técnica, artigos científicos, documentos médicos, newsletters, reportes, informes ou relatórios de RSE/RSC, etc., etc.
Não são poucos os atributos necessários para ser um bom tradutor técnico, e acredito que já se tem falado demais sobre este tema, porém existe um do qual pouco se fala, mas constitui a essência mesmo duma boa tradução, o tradutor deve ser um excelente “decisor” – este é outro neologismo, originado aparentemente do inglês decider que designa a uma pessoa que física ou moralmente tem o poder de decisão, outros afirmam que se trouxe desde o francês décideur que neste caso é o “responsável” - ou tomador de decisões.
Em minha opinião, o melhor tradutor é aquele que sabe onde procurar a resposta aos interrogantes que se originam neste tipo de documentos e consegue decidir corretamente; (é necessário o censo comum).
O termo correto é aquele que cumpre com a sua adequação à finalidade prevista e às convenções de domínio ao que pertence. A incorporação duma palavra numa tradução é uma decisão muito importante e sempre deve ser fundada numa fonte confiável.

1. - Novas Terminologias

Novas tecnologias, novos materiais, novos procedimentos acarretam, habitualmente novos termos ou novas terminologias. Como agir ante elas? Todos sabem que a língua fonte na maior parte das traduções técnicas é o inglês, atualmente a língua da tecnologia e a pesquisa científica. O primeiro impulso dum tradutor na ausência de denominações em português ou espanhol é a introdução de neologismos por empréstimo direto do inglês. O português brasileiro é uma língua sumamente permeável aos estrangeirismos e empréstimos, particularmente do inglês. Uma das ferramentas disponíveis para atender esta demanda de validação de neologismos em espanhol é o BANCO DE NEOLOGISMOS DEL CENTRO VIRTUAL CERVANTES. http://cvc.cervantes.es/lengua/banco_neologismos/listado_neologismos.asp.
Em sua apresentação diz:

“A língua é dinâmica por definição e tanto o incremento do compartilhamento da linguagem técnico como a rapidez necessária dos meios de comunicação, produzem neologismos. Detectá-los e inventariá-los permite realizar um seguimento eficaz de seu destino e implantação”.

No caso do português do Brasil, existe o Projeto TermNeo, Observatório de neologismos do português brasileiro contemporâneo.http://www.fflch.usp.br/dlcv/neo/ . Ele tem a finalidade de coletar, analisar e difundir aspectos da neologia geral e da neologia científica e técnica do português contemporâneo do Brasil. Cumpre ainda o objetivo de elaborar glossários e dicionários terminológicos em algumas das áreas estudadas. A terceira e quiçá a mais consultada fonte de neologismos é o Google. Ele tem a virtude de indicar o volume de utilização do termo e permite aceder ao contexto. Embora seja uma ferramenta que por suas características requeira uma importante análise antes de incorporar como válido um termo.
Na tradução técnica é normal uma tradução metafrástica, lineal e direta, incluindo os decalques; porém que acontece quando o termo inglês ou já em português responde a um símile, a uma metáfora ou simplesmente ao “gosto” de seu criador, casos todos eles bastante frequentes? Uma possibilidade, muito usual é deixá-los em inglês, pensando que são circunscritos a âmbitos técnicos específicos e se tratar dum jargão já conhecido pelos leitores. Também é normal a incorporação de propostas de tradução, entre aspas. Alguns tradutores, em algumas oportunidades, fazem a tradução e colocam o termo fonte entre aspas. Isto normalmente acontece em sua primeira tradução para que o leitor possa identificá-lo em outros artigos ou publicações.
Uma palavra de moda atualmente é sustentabilidade, do inglês sustainability; sostenibilidad ou sustentabilidad em espanhol - Para referir se ao modelo de desenvolvimento consciente da necessidade de não esgotar os recursos. São válidos os adjetivos
sustentable (mais usado na América) e
sostenible (sobre tudo na Espanha).
Embora sustentable ainda não apareça no dicionário acadêmico com o significado de 'que se pode manter durante longo tempo sem esgotar os recursos ou causar grave dano ao meio ambiente', este adjetivo tem um amplo uso com este sentido, sobre todo na America Latina. Google nos retorna mais de 4.000.000 entradas, por tanto, podem se considerar corretas frases em espanhol como «El desafío es que la provincia crezca de manera sustentable», «Indicó que el plan de negocios de la aerolínea es sustentable».
Fonte: Fundéu
Ambas as palavras se encontram no BANCO DE NEOLOGISMOS DO INSTITUTO CERVANTES -
Nos casos difíceis ou não triviais é habitual incluir notas de tradução fazendo esclarecimentos ou incluso, se o termo é central no tema tratado, introduzir alguma frase elucidativa sobre o mesmo. Em algumas ocasiões contamos com traduções de referencia já realizadas por organismos internacionais, outras instituições de prestigio ou colegas confiáveis, tal o caso de Proz, Translators Café, etc. Elas são normalmente uma importante referencia para resolver as dúvidas que se nos pranteiam. Infortunadamente não sempre se conta com este tipo de documentos ou com o tempo necessário para pesquisar sua existência. É bastante normal que os tradutores trabalhemos também baixo a pressão dos prazos de entrega. Última, porém não menos importante dificuldade para os tradutores técnicos freelance é, não poucas vezes, a falta de retroalimentação e contato com os técnicos do cliente final. Esta circunstancia também é um empecilho para a melhora da qualidade da tradução. Os técnicos muitas vezes ignoram como dizer as coisas ou não às expressam corretamente, mas ao menos sabem do que falam, e nesse sentido acredito que a colaboração entre os profissionais da língua e os técnicos tem que ser muito estreita e quiçá se conseguiria um bom equilíbrio se, pelo menos, o tradutor fosse técnico e o revisor linguista ou vice-versa. Às vezes uma terceira volta conjunta é desejável incluso; porém isso incrementa notavelmente o tempo e os recursos empregados pelo que costuma se descartar. Por outro lado, a especialização do tradutor num mundo tão cambiante como a informática, energias ou novos materiais, por exemplo, é uma pura enteléquia; seu contacto com o especialista da matéria, com o «técnico que sabe disso», tem que ser continua.

Abundância de siglas

Caso especial a ter em conta por sua abundancia em qualquer texto técnico são as siglas, siglas que em muitos casos chegam a ser complexas. Deixando de lado a questão tipográfica das mesmas os critérios que seguimos para seu tratamento é o seguinte:
Como regra geral a sigla da origem anglo-saxão não se traduz no sentido de que não se forma uma nova sigla a partir de sua denominação em espanhol ou português; porém, salvo casos de exceção, a sigla formada a partir das palavras em espanhol não se utiliza neste idioma. É o caso da conhecidíssima LAN (Local Area Network), 'rede de área local', sintagma que sim se emprega em espanhol e português, porém que embora, quando aparece de forma abreviada aparece sempre como LAN e não como RAL.
Influi também no fato de não produzir siglas novas seu próprio número e a dificuldade de manter seu inventario (glossário). Muitas siglas respondem não só a um, senão a vários desenvolvimentos, seu número é elevado (alguns especialistas estimam que uma terceira parte do número de neologismos informáticos é siglas) e sua aparição contínua no dia a dia; contribuir com novas siglas só agrega confusão. Muitas delas, ademais, estão baseadas em combinações de palavras em inglês ou ao menos em certas sinonímias ou homonímias, carga nemotécnica que se perderia na tradução. É o caso de siglas como B2B (Business to Business 'de empresa a empresa'), T3 (TTT Teach To Teachers - 'ensinar aos ensinantes'), WYSIWYG (What You See Is What You GET 'o que vês é o que obténs') ou o mais antigo SPOOL (Simultaneous Peripheral Operations On Line 'operações periféricas simultâneas em linha'), sigla que deu origem já no inglês ao siglônimo spool e que muitos terminólogos espanhóis tem acordado espanholizar como espul, ante as dificuldades de sua tradução e o estendido do termo.
Baseados no anterior só usar em forma espanhola ou portuguesa brasileira siglas que já têm certa tradição como RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados) o IA (Inteligência Artificial). Em outros casos convivem as siglas em inglês, espanhol e português brasileiro, como no caso de DAO (Diseño Asistido por Ordenador) – DAC em PTBR, (Desenho Assistido por Computador), que convivem maiormente nos âmbitos universitários com a mais tradicional CAD (Computer Aid Design). Em resumo; as regras básicas com respeito às siglas são: • Proporcionar sempre seu desenvolvimento a primeira vez que aparecem. • Escrevê-las entre aspas após da primeira vez que se menciona o nome completo quando mais a frente vai utilizar-se a sigla. • Não criar falsas siglas sem haver constatado certo uso, tanto em espanhol quanto em português. • No desenvolvimento da sigla em inglês, facilitar entre aspas simples a tradução ao idioma alvo (PT, ES) para que sirva de orientação ao leitor. • Nas propostas de termos em espanhol ou português facilitarem entre aspas a sigla em inglês.

Correta expressão em espanhol ou português

O terceiro grande problema, já não no âmbito léxico senão expressivo, é o dos decalques sintáticos que tão frequentemente surgem quando se traduz do inglês. É o caso do abuso da voz passiva, muito abundante em textos informáticos, ou o abuso dos pronomes pessoais em função de sujeito, ou o uso do gerúndio muito frequente em manuais ou em guias para nomear capítulos, seções ou incluso livros inteiros como o popular, Thinking in Java. Sem dúvida que neste ponto a tarefa do revisor ou os revisores é importantíssima, começando pela do próprio tradutor que deve «ler em voz alta» seus textos tratando de ver se o que tem escrito lhe soa familiar ou pelo invés lhe «range». Por outro lado, embora os artigos sejam para divulgação, e por tanto sujeitos às regras de estilo de qualquer outro projeto, não tem que se esquecer de que nos textos técnicos a complexidade de alguns pontos não pode se expressar mediante frases longas, pois se dificultaria enormemente sua compreensão. Neste sentido o texto original costuma ajudar, pois pelo geral as frases que vamos achar em inglês são mais curtas que em espanhol. Desde logo o que se deve evitar é criar artificialmente frases curtas utilizando uma pontuação inadequada ao substituir, por exemplo, um ponto e vírgula por um ponto. De todas as formas resulta curioso observar como o ponto e vírgula se emprega cada vez menos.

Terminologia comum ou jargão

Um terceiro problema nasce do que poderíamos chamar terminologia comum ou jargão, o «inglês básico», como recurso ao que afluem constantemente hoje em dia distintas áreas da atividade humana: «A linguagem dá testemunho destas múltiplas impregnações. Neste sentido é muito revelador o recurso ao “inglês básico” das tecnologias de comunicação ou o marketing: isto não marca tanto o triunfo duma língua sobre as outras como a invasão de todas as línguas por um vocabulário de audiência universal. O significativo é a necessidade deste vocabulário generalizado e não tanto o fato de que seja o inglês>>. “O enfraquecimento linguístico (sim se denomina assim à diminuição da competência semântica e sintática na prática media das línguas faladas) é mais imputável a esta generalização que à contaminação e à subversão duma língua por outra”.3 Interessante pranteio que afeta de forma muito direta à tradução técnica e especialmente a esses termos que ficarão definitivamente sem traduzir: hardware, software, web, spam, click..., que são um bom exemplo de «vocabulário de audiência universal» cada vez mais frequente na informática. Neste ponto quiçá convenha lembrar duas coisas, embora resultem obviedades: em primeiro lugar que a língua comum dos informáticos é o inglês, porém que só uma minoria dos informáticos tem como língua materna o inglês e a imensa maioria tem um conhecimento fraco desta língua. Em segundo lugar que há neologismos e empréstimos, que não só se incorporam ao espanhol ou português, senão que se incorporam também a muitas outras línguas e de forma muito similar; este fato se descobre refletido também quando manejamos originais em francês, italiano ou alemão.
Pode surgir aqui, e de fato surge, um conflito entre um vocabulário estranho, porém universal, e que por tanto não haveria que traduzir, é o idioma próprio. Qual caminho tomar? Devemos tomar uma atitude defensiva ou entreguista? No primeiro caso protegeríamos todo o possível, até a «vitória» ou até a «derrota», a terminologia própria, e no segundo abriríamos as portas ante esse novo vocabulário com pretensões de universalidade, porque não fazê-lo significaria « ficar dependurado».
O certo é que a tendência parece ser para o que temos chamado «entreguismo» frente ao «conservadorismo». Para hardware y software se fizeram sem dúvida mais propostas em todos os outros idiomas, independentemente de que prosperaram ou não, que as que se tem feito para web ou para spam. Aí estão os franceses, propondo soluções desde acima, como por exemplo, pourriel (spam), ou a labor de Softcatalà para a área do catalão. Embora, incluso estes organismos se encontram também submersos nesta torrente de terminologia comum, tudo isto por não falar de que em questões da língua já sabemos que uma coisa é a que se pensa e outra a que se faz.
Nossa posição é sem dúvida tentar a defesa, porém também contribuir à utilização com normalidade, apostando pela modificação de sua ortografia se for preciso, destas palavras que formam o acervo comum, não só dos informáticos senão também dos usuários.

Falsos amigos

Os tradutores não estão isentos de cair no perigo dos falsos amigos, embora quiçá sejam mais perigosas as falsas traduções, que contam com certa tradição dentro do jargão. Casos como os de traduzir state of the art como 'estado da arte', user frieldly como 'amigável', command por 'comando' e outras muitas que a força de se usar tem sentado praça. A equipe de revisão tem de estar permanentemente atento ante estes casos, porém também o tradutor.
Os falsos amigos e os erros na tradução não são privilegio dos tradutores amadores e pouco cuidadosos; como técnicos que somos passam por nossas mãos livros publicados por prestigiosas editoriais, e ao parecer traduzidos por conhecidos profissionais das letras, nos que também aparecem esses erros ou o que é pior, traduções que demonstram um desconhecimento absoluto do que estão traduzindo. Os seguintes casos estão recolhidos em tão só duas páginas dum livro atual cujo título e editorial omitimos por aquilo de que se diz o pecado, mas não o pecador, porém a nosso parecer estes erros não os haveria cometido um técnico, um especialista, pois são próprios de alguém que não sabe de que se está falando:
«...num sistema de legado mainframe no que a companhia já tem investido muito tempo...». Do falso amigo legado e do contexto resulta obvio que a idéia era um sistema mainframe herdado (a legacy mainframe system), e não «um sistema de legado mainframe».
«Os valores das moedas duramente codificados». Aqui nos encontramos com uma muito má tradução de «hard coded», algo que os profissionais costumam traduzir por 'codificado', 'fixo', 'predeterminado' ou “código gravado”... Não é um termo fácil nem de tradução única, porém desde logo não é algo «duramente codificado».
«Até a versão 4, PHP não estava preparado para acessar a uma terceira parte dos objetos de software». Essa «terceira parte» e o contexto (COM, CORBA) fazem evidente que em realidade o autor queria dizer que « PHP não estava preparado para acessar a objetos software de terceiros (ou terceiras partes)».
Fatos como os descritos, infelizmente nada infrequentes nas publicações técnicas, levam muitos profissionais a preferir os livros na versão original, normalmente em inglês, com o que não se colabora, ao contrario, a sair dessa lenda que se atribui a muitos técnicos de «em inglês me informo melhor».
Em quanto aos falsos amigos nossas recomendações são as habituais para qualquer tradutor, reforçadas em nosso caso por ser tradutores profissionais:
Não traduzir nunca um termo por outro parecido em espanhol ou português se não se está seguro de que é esse seu significado, consultando se preciso for vários dicionários. Uma boa ajuda, embora não seja uma lista completa, a proporciona a lista de Pitfalls de nosso colega Ángel Álvarez, na que recolhe os «erros habituais de Spanglish dos informáticos... e também dos não informáticos».
Ademais ver se o termo tem sentido tanto em inglês como em espanhol ou português sucessivas vezes, e em caso de dúvida sempre consultar a um experto se possível nativo, sobre tudo quando se duvida do possível significado na origem.
Também é aconselhável realizar as revisões «com olhos de leitor» e em voz alta, já que ajuda a achar algum destes erros. De todas as formas um dos problemas que apresentam os falsos amigos é que costumam dissonar pouco dentro duma tradução, muitos afirmarão que incluso a forma «amigável» pega melhor que a mais adequada.
Embora o número destes erros que podem aparecer na versão impressa, o certo é que nas versões intermédias se produzem alguns erros, devido em ocasiões a que são os próprios autores os que têm traduzido seus artigos ao inglês, sendo seu conhecimento desta língua em alguns casos insuficiente. É labor dos revisores nativos, tanto em inglês como em espanhol ou português, tratar de que qualquer erro, e não só os falsos amigos, possam ser corrigidos antes de chegar ao público.

Temas superespecializados

Por amplos que podem ser os conhecimentos do tradutor, incluso do tradutor técnico, há certos termos que só o especialista nessa área, nesse produto, é capaz de traduzir com certa precisão. Nesse caso o trabalho conjunto entre o especialista e o tradutor é imprescindível.
Tenha se também em conta que a terminologia técnica tem de ser precisa e rigorosa: Não estamos tanto ante o caso da especialização de palavras do acervo comum das que fala Belda em seu livro ([BELDA], pág. 275), senão frente a palavras de significado muito concreto utilizadas em âmbitos muito restringidos. Não se trata dum vocabulário técnico ou semitécnico utilizado num artigo de divulgação para o público em geral, senão duma terminologia precisa a utilizar num caso muito concreto. O leitor é um leitor técnico ou especializado, que requer desta terminologia jargão, porém precisa, donde praticamente os sinônimos não existem: pode haver nomes distintos para designar os mesmos objetos sempre que nos movimentemos por distintos produtos ou distintos enfoques, porém em outros casos denominam coisas distintas; por exemplo, em alguns casos quando falamos de kernel nos estaremos referindo a um núcleo, também chamado em inglês nucleus (segundo produtos), porém em outros casos entre um kernel e um nucleus há diferenças substanciais, daí que convém manter esta distinção.
Muitos destes termos superespecializados são siglas, das que já temos falado, porém em outros casos é bastante normal que se recorra ao empréstimo, o qual a maior parte das vezes nem tão sequer sofrerá uma adaptação às regras ortográficas ou fonéticas do espanhol e português e isso por vários motivos: seu âmbito é reduzido, seus usuários costumam utilizá-lo dessa forma nas diferentes línguas e tentar traduzi-lo produziria mais desinformação que informação. Quiçá seja um dos poucos casos no que estamos optando pelo empréstimo e não pelo decalque ou por sua tradução. Em qualquer caso, acreditamos que sempre tem de oferecer-se uma explicação em espanhol ou português do termo.

Palavras reservadas

Um dos casos mais clássicos dentro dos textos técnicos informáticos de más traduções é do à tradução de «palavras reservadas».
No mundo do software há um conjunto de palavras, na realidade poderíamos falar de «conjunto de caracteres», que têm um significado específico e devem ser reproduzidos exatamente. De não fazê-lo assim os resultados são totalmente diferentes e com frequência errados.
São palavras reservadas as que formam parte das instruções que entende a máquina, certos nomes de fichários, certas palavras clave dentro das metodologias, entre outros exemplos. O tradutor, e sobre tudo o revisor, deve ter sumo cuidado em que estas palavras se mantenham em sua forma original, e neste ponto sim que acreditamos que é necessário que o revisor seja um técnico ou que ao menos o técnico seja o último dos revisores.
Em qualquer caso, incluso para as palavras reservadas, há que dar uma «tradução» que sirva de explicação em manuais e artigos, a fim de facilitar sua compreensão. Coloquemos como exemplo o caso dos nomes dos padrões nos chamados «padrões de desenho» dentro do software reutilizável orientado a objetos onde na tradução da obra Design Patterns. Elements of Reusable Object Oriented Software (Padrões de Desenho: Elementos de Software Orientado a Objetos Reutilizável) os tradutores optaram por incluir uma tradução entre aspas no começo da descrição de cada padrão, embora posteriormente sempre se nomeiem em inglês. A razão não era outra que o nome é parte fundamental dum padrão, já que, uma vez compreendido este, passa a formar parte de nosso vocabulário de desenho; portanto, os nomes dos padrões de desenho têm de serem considerados, neste sentido, como as palavras reservadas duma linguagem de programação: não admitem tradução, baixo pena de enganar ao leitor; embora, dado que o nome designa com uma ou duas palavras o propósito do padrão, parecia oportuno que o leitor desconhecedor do inglês pudesse conhecer seu significado.

Artigos originais às vezes sem revisar

Não sempre os artigos originais apresentam uma correção gramatical na língua de origem. Seria aplicável aqui ao menos a primeira parte desse refrão castelhano que afirma que “em todas as partes se cozinham favas”. Os excelentes profissionais técnicos que escrevem seus artigos não sempre dominam ou possuem uma expressão fluida em seu idioma, e embora em algumas empresas se conte com uma equipe de revisores nativos em língua inglesa não poucas vezes, para ganhar tempo na tradução, os artigos chegam ao tradutor sem haver sido revisados, o que representa em alguns casos uma dificuldade adicional para a compreensão e expressão em espanhol ou português. Neste sentido o acudir ao idioma original, caso de que não tenham sido redigidos originalmente em inglês, pode ajudar a se fazer uma ideia do que o autor tem querido dizer, e se adiantar assim à versão correta.
À existência e dificuldades que podem apresentar estas traduções ponte nos referimos no seguinte ponto.

Traduções ponte

Os colaboradores de alguns meios provêm de diversas nacionalidades e normalmente os artigos originais não têm porque estar escritos em inglês. O habitual é que se escrevam no idioma original, logo se faça uma tradução ao inglês, à vez que a partir desta se criem as versões em outras línguas para as publicações locais. Às vezes um mesmo autor escreve duas versões de seu artigo: uma na língua vernácula e outra em inglês, para depois incluso, voltar a escrever uma terceira versão para a publicação local, porém são as menos habituais. Em qualquer caso há que ter em conta que normalmente a versão inglesa não vai ser a original ou bem não vai haver sido escrito por alguém cuja língua materna é o inglês. Assim podemos nos encontrar com o caso de versões em inglês corretas, mas com uma pobreza de vocabulário além do aconselhável. O tradutor se encontra assim ante o dilema de respeitar a fonte de sua tradução, e com isto o vocabulário limitado, ou optar por uma tradução não tão fiel, porém mais rica em espanhol ou português. O habitual é que o tradutor se incline por esta segunda fórmula.
Casos ainda mais paradoxos se apresentam nos casos de traduções de ida e volta: artigos escritos originalmente em espanhol ou português, traduzidos ao inglês para a versão internacional e logo novamente passados ao espanhol ou português, «obrigando» ao tradutor a «reconstruir» um texto mais que a «traduzi-lo».

Pressa ou Escassez de tempo

Para à maioria dos tradutores, um de seus principais inimigos á a escassez de tempo. Com frequência se acham precisados a entregar a tradução antes que possa haver comprovado todos os termos ou consultado todos os especialistas que tivesse desejado.
Durante a tradução dos artigos os tradutores se mantêm comunicados através do correio eletrônico, o que sem dúvida facilita muito as consultas, também se sucedem as consultas aos foros especializados, porém não é raro que a versão definitiva dum termo fique nas mãos do editor da monografia ou da revista.
Sobre alguns dos termos duvidosos ou conflitantes se sucedem comentários e é bom os cadastrar e criar uma espécie de fichário consultável com todos estes termos para que sirvam de referência no futuro.

Como resolver as dúvidas terminológicas?

E quanto à forma em que resolvemos as dúvidas apresentamos duas tendências bastante claras: os que tendem a perguntar diretamente aos especialistas, e os que procuram as respostas em dicionários, glossários, foros de Internet ou no Google.
Com tudo e com isso, tampouco se pode perder de vista que numa publicação técnica seus leitores vão a ser basicamente técnicos; a terminologia terá que ser precisa e não se poderá sair do passo com um vocabulário como o que utilizaria o redator dum jornal de informação geral. É muito habitual que esta linguagem técnica esteja sobrecarregada de anglicismos, muitos deles importados sem nenhuma adaptação, e siglas, demasiadas siglas. Pode muito bem ocorrer, e de fato ocorre, que o especialista nem sequer se tenha pranteado a utilização duma terminologia em espanhol ou português e aí, à hora de sacar a publicação em espanhol seja quando se pranteie de uma forma direta o achar um equivalente nesta língua. Não são raros os casos nos que o editor da revista aproveita a apresentação do número para prantear de forma aberta a terminologia a utilizar ou incluso para «questionar» essa terminologia já na língua original. Um exemplo pode ser a conhecida expressão «estada da arte», que se impôs de forma clara no jargão informático com o significado de 'últimas novidades' ou 'situação atual' dum determinado tema. Pois bem, dada sua aceitação na prática, alguns decidiram a colocar entre aspas para indicar sua incorreção lingüística. 6 Também costumam os próprios coordenadores da publicação fazer alguma alusão a essa terminologia em sua apresentação.
Com a consulta e interação com o especialista, cuja eficácia tem constatado, se reforça o convencimento de que a tradução tem que ser uma tarefa coletiva. Uma boa tradução é mais um degrau para atingir uma ótima revisão, e vice-versa. É impossível que neste mundo tão especializado alguém saiba de tudo; não há expertos em tudo, senão expertos em cada momento e em cada circunstancia. Por exemplo, às vezes as interferências com outras disciplinas como as matemáticas, a física, a economia ou o direito, fazem ato de presença; recorremos, então, a buscar os especialistas nestas matérias no âmbito universitário ou dentro da própria comunidade onde afortunadamente contamos com algumas pessoas de dupla titulação.
Também, por suposto, e não sempre ao final, consultamos com profissionais da tradução ou da língua, sempre dispostos a dar uma ajuda.

Lista Spanglish e outras

Embora Spanglish 7 não é a lista «oficial» do Grupo de Língua e Informática de ATI, se está baixo a tutela do grupo e a ela concorrem os tradutores como lista especializada em informática a prantear suas dúvidas. Também se podem realizar consultas, quando a ocasião o requer, em outras listas e foros dedicados a resolver questõens gerais de língua como é Apuntes , tutelada pela equipe de filólogos da Agência EFE, ou aos foros do Centro Virtual Cervantes .

Google

A utilidade do Google para o tradutor vai aumentando assim como seu reconhecimento em distintos âmbitos lexicográficos. Google cumpre, entre outras, duas funções básicas para o tradutor: o ajuda a buscar traduções para os distintos termos e o ajuda a comprovar que as traduções propostas se estão utilizando e não são meras elucubrações teóricas.
Baseando-se no Google o tradutor pode deduzir se o termo que vai utilizar é facilmente compreensível, se costuma a utilizar com o original entre aspas ou ao invés, se o termo é ainda uma tímida proposta que se encerra entre aspas trás o termo utilizado abertamente em inglês, ou se no último caso o termo é totalmente novo e o saber se funcionará constitui uma incógnita.
Google proporciona ademais informação suplementar sobre a validez do termo que temos escolhido, como por exemplo, seu âmbito geográfico: se pode ver assim que uma determinada tradução é mais frequente em Latino América. Também ajuda, a saber, quem o usa, pois não é o mesmo se um termo aparece repetidamente em teses doutorais ou em outras publicações universitárias, nos catálogos do fabricante do produto ou em artigos de imprensa geral.
Em último lugar, serão os revisores os que tenham a última palavra e unifiquem a terminologia empregada, se for necessário.

Em definitivo, será difícil que as decisões adotadas sejam sempre do gosto de todos, como inevitável será, a pesar de todos os esforços, que se escape algum erro na versão final dum livro. Em qualquer caso, saiba o leitor que se tem posto os maiores esforços em unir o rigor técnico com o cuidado do idioma, e apelamos a sua indulgencia pelos erros cometidos, de modo consciente ou inconsciente.
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Resumo baseado em: http://www.ati.es/gt/lengua-informatica/toledo2004.html#nota6
“A tradução técnica em revistas profissionais: o exemplo de Novática”
Autores: José Alfonso Accino (técnico de sistemas, Universidad de Málaga), César F. Acebal (profesor de Lenguajes y Sistemas Informáticos, Universidad de Oviedo), Julio Ayesa (economista, especialista en CRM, Zaragoza), Rafael Fernández Calvo (director de Novática, director de Upgrade) y María del Carmen Ugarte García (técnica de sistemas, IBM, Madrid)
Resumo e tradução ao português BR de Oscar Ricardo García

HOCKEY


Fundéu BBVA: claves para redactar sobre "hockey"
15-07-2012 / 10:50 h EFE


La Fundación del Español Urgente (Fundéu BBVA) señala que existe el término "jóquey" como forma hispanizada del nombre de este deporte, pero que lo extendido y asentado en el uso es la inglesa "hockey".

En este deporte se emplean algunas palabras extranjeras que pueden encontrar traducciones en español como "defensa" o "zaguero" por "back".

El término "stick" puede sustituirse por palo, pero también se denomina así a la falta cometida al levantar el palo por encima del hombro para disputar una bola.

Otras denominaciones propias del "hockey", señala la Fundéu BBVA, que trabaja asesorada por la Real Academia Española, son "chip" (remate o tiro para elevar la pelota en parábola muy pronunciada); "flick" (golpe de la pelota para elevarla del suelo) que puede sustituirse por "golpe de muñeca", y "scoop", que se refiere al "golpe de cuchara.

En este deporte también existen el "penalti" (en plural, "penaltis"), escritos con i latina.

Siempre que se opte por utilizar los extranjerismos, lo adecuado es escribirlos en cursiva o entre comillas.

La Fundación del Español Urgente (www.fundeu.es), promovida por la Agencia Efe, patrocinada por BBVA y cuyo principal objetivo es el buen uso del español en los medios de comunicación, cuenta con la colaboración, entre otros, del Instituto Cervantes, la Fundación San Millán, Red Eléctrica de España, Gómez-Acebo & Pombo, CEDRO, CELER Soluciones, Hermes Traducciones, Linguaserve, Accenture y Abengoa.

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