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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Princípios para um novo país


Princípios para um novo país
Por Orlando J. Ferreres | Para LA NACION – Bs.As. – Argentina. 27/04/2012


Os autores do seguinte artigo são Orlando J. Ferreres e Néstor Arcuri. Ele foi escrito para argentinos, mas nas circunstâncias atuais do mundo, e de Latino América em particular, pode ser aplicado em muitos países.

Em seu extenuante regresso à Terra Prometida, o povo hebreu sofreu tantas carências e frustrações que esteve perto de sua desintegração. Roubavam-se e matavam os uns aos outros, as distintas tribos que se agregavam a seu passo traziam novos líderes que os confundiam ainda mais e até pensaram que o melhor seria regressar ao Egito e volver a se submeter ao Faraó. De fato, quando Moisés regressou do Monte Sinai, o povo sublevado havia construído um bezerro de ouro para adorar aos deuses egípcios.
O único que permitiu ordenar semelhante caos foi essa sorte de pacto celebrado entre Deus e o povo judeu, pelo qual este se submetia ao cumprimento dos 10 mandamentos recebidos por Moisés e conservados "sagradamente" na Arca da Aliança.
Estas leis concretas, simples e expressadas numa linguajem singela, permitiram a esse desgarrado povo começar a se organizar e se comportar com sentido ético.
Hoje, mais de 3000 anos depois, o vivido (e padecido) pelo povo argentino nos está levando ao mesmo nível de degradação. Os últimos meses tem sido um doloroso exemplo de corrupção, descumprimento da lei, falta de respeito ao próximo, inseguridade jurídica, econômica e, o que é pior, inseguridade física: a morte é coisa de todos os dias.
É tal o deterioro em que estamos caindo que já sabemos que ante a próxima crise voltarão a violar se os contratos, não se respeitarão os compromissos assumidos, se liquidificarão as dívidas do governo e de "alguns" particulares, se esvaziarão os salários e se esfumarão as poupanças dos que, por otimismo ou resignação, voltam sempre a acreditar que não voltaremos ao passado.
O que necessitamos é recriar nosso Moisés argentino para poder sair deste deserto e encontrar o caminho a nossa terra prometida. Para isso todos os argentinos necessitaram nossos próprios 10 mandamentos e construir uma nova aliança para protegê-los e defendê-los contra os corruptos e beneficiários de sempre. Estes poderiam ser:
1. Amar à Argentina acima de tudo, respeitando sua Constituição e suas leis.
2. Respeitar ao próximo como a si mesmo, sabendo que meu direito termina onde começa o direito do outro.
3. A honestidade e a honradez devem voltar a serem princípios essenciais tanto no âmbito público como no privado.
4. A independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário deve ser total e garantia de convivência cidadã.
5. Não roubar, e denunciar qualquer ato de corrupção governamental ou particular.
6. Castigar o delito para tranquilidade e seguridade dos que obram bem.
7. O objetivo único da função pública será o bem comum.
8. A seguridade jurídica deve ser um bem inalterável para atingir objetivos de longo prazo.
9. Assegurar a liberdade de imprensa, expressão e circulação.
10. A educação deve ser prioridade como ferramenta para o desenvolvimento das pessoas e como instrumento que permite a igualdade de oportunidades.
O problema da Argentina é moral. Não é econômico, político nem social e não se resolve com receitas mágicas, leis de emergência nem Decretos de Necessidade e Urgência.
Necessitamos uma troca fundacional, assumindo nossa responsabilidade com o país e com o projeto comum de todos os que queremos viver nele.
Não toleremos mais a aqueles que, aproveitando nossa passividade, nos fazem adorar bezerros de ouro e só pretendem levar-nos à escravidão e a servidão. Lutemos por ser um povo ordenado, respeitoso, livre. Teremos um longo deserto à diante, porém atravessá-lo será o único que nos acercará a nosso destino.
© La Nación.

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