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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

DEMOCRACIA



O votante irracional
Por Nora Bär | LA NACION
Twitter: @norabar |

Os resultados das eleições provocam um fenômeno singular: uma parte dos votantes simplesmente não consegue explicar as razões que levam a muitos outros a escolher a tal ou qual candidato que está nas antípodas de suas preferências. "Porém, como pode ser que tanta gente tenha votado por X e não por Z?!", exclamam estupefatos.
Seguramente, o que nos tira do sério é que acreditamos que quando estamos no ato de votar tomamos uma decisão racional, mas, tal como explicou Facundo Manes em seu último programa sobre "Os mistérios do cérebro", e sugerem cada vez mais estudos neurológicos -e campanhas publicitárias lotadas de golpes baixos dirigidos a nossos mais íntimos apelos emocionais-, a decisão do votante é perigosamente parecida a uma conduta irracional ou inconsciente: se baseia em dados como o rosto ou a aparência do candidato, sente uma grande resistência a troca (embora se lhe apresentem argumentos convincentes), realiza inferências similares às que utilizam as crianças, e em alguns casos até considera a ignorância como uma virtude! ("É como eu...")
Manes explicou, por exemplo, que um dos trabalhos que detectaram pistas sobre esta surpreendente realidade é o que descobriu que nos Estados Unidos, embora a maioria diz coincidir "intelectualmente" com os democratas, foram os republicanos os que ganharam maior quantidade de eleições.
Durante o programa, o científico búlgaro Alexander Todorov, do Laboratório de Cognição Social e Neurociências da Universidade de Princeton, destacou que o cérebro necessita apenas uns milissegundos para extrair uma constelação de dados importantes dum rosto e que essa primeira impressão deixa uma impressão perdurável que influir em nossas decisões. Também explicaram que se podem perceber as idéias dum candidato em forma inconsciente.
Um estudo publicado em Ciência em 2009, firmado por John Antoniakis e Olaf Dalgas, da Universidade de Lausanne, na Suíça, mostrou não só que as crianças de entre cinco e 13 anos podiam predizer que candidatos tinham mais possibilidades de ganhar uma eleição olhando fotos dos seus rostos, senão também que coincidiam com sujeitos adultos. Este achado sugeriria que os juízos que nós formamos acerca duma pessoa a partir de suas expressões se desenvolvem muito cedo na vida e se mantém surpreendentemente firme até adultos. (Ao parecer, os rostos enojados resultam pouco confiáveis...)
Mas seguro que os trabalhos que acaba de dar a conhecer a revista New Scientist são os que deixam a conclusão mais inesperada: indicam que ser [um pouco] ignorantes pode resultar uma vantagem e até nos fazer mais felizes... e mais bem sucedidos. Este efeito se verificaria em atividades como o comercio (quando o vendedor não adverte o valor real -e as falhas- dos produtos) ou a educação (porque permite maior empatia com o aluno). "[Às vezes] uma mente erudita é uma maldição", escreve Richard Fisher.
À luz destes estudos, já não seria politicamente incorreto essa piada na qual uma pessoa grita: "Governador, governador, todas as pessoas que pensam o apóiam", e este responde: "Não é suficiente, necessitamos à maioria".

nbar@lanacion.com.ar
@norabar

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